domingo, 19 de outubro de 2014

A DESTRUICAO DOS RIOS -Edezio Teixeira de Carvalho

A DESTRUICAO DOS RIOS 
As torneiras das vocorocas (cidilha co)
Edezio Teixeira de Carvalho
Engenheiro geologo
edeziotc@gmail.com

O genial poeta portugues Antonio Nobre escreveu, em nome da Terra: "Os meus cabelos sao os pinheirais sombrios, e veias do meu corpo, os azulados rios".

As veias dos nossos corpos sao emissarias da vida, levem sangue arterial ou venoso. Os rios tambem, mas eles so correm num sentido, nem sempre levando a vida, porque muitas vezes levam a morte aos ribeirinhos nas cheias excepcionais ou nas vazantes, como atual do rio Sao Francisco, em que seus niveis locais chegam a impedir a tomada de agua para o abastecimento das cidades e dos projetos de irrigacao; os bancos de arreia impedem a passagem dos barcos maiores, e nao so pela escassez de calado natural, mas pelo xcesso de areia; em casos excepcionais, o solido caudal em transito pode promover abrasao de turbinas; sofrem tambem os pescadores com seus barcos, e as estruturas dos balnearios, com o afastamento da agua do abandonado cais; o gado pode sumir de repente, atravessando o rio que lhes tenha dado inesperado vau.quando nao e a morte que vem, penosa torna-se a vida dos ribeirinhos das grandes represas  ate dos que passam grande parte do tempo sem ve-las, atingidos a quilometros de distancia por nuvens de po levantadas na ventania.

Em todas as areas onde o processo erosivo e intenso, ha um corrego sujo e um rio vermelho, notaram? Simplificando muito as coisas, pesssoas de bons propositos no uso da terra, acostumadas a reclamar da pouca protecao as (crase) matas ciliares e da remocao das florestas em geral, repetm ano a ano os mesmos chavoes. Sobre as matas ciliares, ja escrevi que criancas nao combatem leoes (O Tempo, 15/04/2006). As florestas perdidas sao replantaveis, mas ha uma perda definitiva; o solo levado nao volta sozinho. E (acento)claro que, gracas aos grandes reservatorios, parte dele esta armazenada e sera o recurso mineral do futuro.

Visitei recentemente Carmo do Rio Claro, hoje longe da represa de Furnas (tambem o Rio Grande sofre), e vi extensas areas de solo exposto la e em cidades vizinhas, com imensos lencois de solo fertil a (crase)espera de uma pa carregadeira.

Melhor do que buscar de volta o solo perdido e(acento), entretanto, impedir que ele se va arrastado pelas aguas na jornada precoce iniciada nos pastos de pisoteio nas altas declividades permitidas pela mesma lei na protecao das nascentes das vocorosas (cidilha), descarregadoras precoces das aguas continentais, Vi, ha dias, excursionistas mostrando gigantescos bancos de areia do rio Sao Francisco. Como se ve os rios levam a morte.

Outra verdade escondida dos leigos; o processo geologico destrutivo e (acento) milhares de vezes mais veloz e energico ao longo dos cursos d'agua que na vasta dispersao dos topos e altas vertentes.
Por que deputados e senadores, cercados de assessores tecnicos bem-treinados (?), nao cuidam de tao esclarecedora evidencia geologica? Que fechem de vez as torneiras das vocorocas (cidilha) para que economizemos agua e solo.

FONTE: Jornal O Tempo- Belo Horizonte- 14/'0/2014

sábado, 18 de outubro de 2014

PROFISSAO: DOCENTE- Francisco Fernandes Ladeira

PROFISSAO: DOCENTE 

 O SALARIO NÃO E (ACETO) O PRINCIPAL

 Francisco Fernandes Ladeira 
Cientista social e professor
 franciscoladeira@bol.com.br 

Todos nos sabemos que um professor enfrenta vários desafios ao longo de sua carreira: classes superlotadas; alunos problemáticos, indisciplinados e muitas vezes violentos; colegas de trabalho estressados; cobranças das superintendências de ensino, salários irrisórios e falta de material didático adequado para ministrar as aulas estão entre as principais reclamações dos profissionais da educação. 

Nos debates sobre os fatores negativos do magistério, geralmente o baixo salario E a questão mais citada. Entretando , no presente texto, pretendo dar maior ênfase as (crase) questões extraeconomicas. Em outros termos, deslocar o foco da discussão do “retorno ficanceiro” para o “retorno pessoal” da profissão docente. 

No Brasil, o processo de degradação do magistério começa pela ma (acento)formação dos profissionais de educação, passa pelo sucateamento da escola publica e culmina com uma intensa campanha de alguns setores da mídia contra o próprio professor. Não bastasse a formação acadêmica comprometida, a imensa maioria dos docentes brasileiros não possui tempo disponível para preparar adequadamente as aulas ou aprimorar seus conhecimentos porque, não raro, lecionam em duas ou mais escolas, com jornadas de trabalho extremamente exaustivas. 

Além dessas adversidades, os professores brasileiros convivem com salas de aula superlotadas. Assim, e demasiadamente desgastante para o docente lecionar em classes com, me medias, 40 alunos, quando o ideal seria, no máximo, a metade desse numero. Outra grande questão a ser ressaltada e(a cento)luta contra a mercantilização da educação, em detrimento do ensino publico. Cada vez mais nossos governantes concedem vultosos incentivos fiscais para os empresários da educação e, em contrapartida, investem cada vez menos na educação publica. 

 Por outro lado, e importante salientar que a educação, isoladamente, não alerta a realidade. São as mudanças politicas, econômicas e culturais que modificam a educação. Portanto, não faz sentido falar em um melhor sistema educacional sem propor um projeto de mudança global da sociedade. 

Evidentemente, não devemos menosprezar a questão salarial quando abordamos a profissão docente. Em sociedades capitalistas como a nossa, um rendimento monetário satisfatório e(acento)condição sine qua non para que um individuo possa viver com o mínimo de dignidade e suprir suas necessidades vitais. Todavia, o baixo salario talvez não seja o principal problema do magistério brasileiro. 

Sendo assim, melhorar o rendimento básico do professor e (acento) fator necessário, porem não suficiente para termos uma educação realmente de qualidade. E(acento) preciso conceder ao docente a oportunidade de uma formação satisfatória e oferecer condições adequadas para desenvolver seu trabalho. Resumindo: ensejar uma melhor valorização social do professor. Em ultima instancia, parafraseanado um famoso comercial de cartão de credito, existem coisas que o dinheiro não pode mensurar, e a satisfação de lecionar, certamente, e(acento) uma delas. 

FONTE: Jornal O Tempo- 15/10/2014, quarta-feira